sábado, 12 de setembro de 2009

Durante a Tarde

Estava entediada, tinha a mania de fazer amizades muito facilmente, mas tinha mais facilidade em se enganar, tinha o pé atrás e parecia mesmo um bicho do mato sempre que via uma atitude diferente, mesmo assim secretamente mantinha fascinação por novas descobertas, almejava a controvérsia, queria profundamente descobrir o certo pelo errado.

Naquele dia mais uma vez não queria ir para casa, resolveu enrolar na saída de seu colégio e saber o que acontecia por lá depois que boa parte dos alunos já estavam em suas casas almoçando e assistindo a desenhos animados.

- Hey, o que você faz aí?

- To fazendo hora, não quero ir embora agora.

- Estou indo ver uns amigos num estúdio de Arte Urbana, que ir?

Amava a arte em qualquer de suas expressões, via beleza em rabiscos coloridos nos muros de seu caminho para casa também quando via gravada na pele das pessoas ou em seus livros de história.

Quando chegou à porta do velho prédio rabiscado em cinza e preto com fotos, cores formas desenhadas nas paredes internas das salas onde haviam rapazes conversando lembrou-se de uma discussão que tivera uns dois anos antes com uma colega de seu antigo colégio que pediu transferência com grande prazer por não ver mais os que e quem tinha deixado lá.

A amiga: - Você é estranha, gosta só do que é feio. Tatuagem? Minha mão disse que quem faz isso está marcando o mal no corpo, Deus nos colocou no mundo e é exatamente como nos colocou ele quer nos receber de volta.

Ela: - Que porra de papo é esse garota? Se fosse assim não receberia pessoas calejadas de tanto trabalhar para sobreviver, envelhecidas e experientes, ou até mesmo você que já aprendeu um monte de coisa inútil e já não é mais a pessoa que um “Ele” tenha deixado.

A amiga: - Mas ele recebe pessoas boas?

Ela: - E desde quando alguém provou alguma aparência ou classificação considerada boa no além? Você nem sabe o que é bom ou mal.

Ela acreditava que as pessoas são diferentes e ninguém tinha o direito de criticar essa diferença, muito menos tentando fazer uso da religião nisso.

Para ela naquele momento ela sabia que o bom era descobrir o novo.

Ele: - E aí quem é você que eu nunca tinha te visto por aqui?

(Coração bate forte)

Ele: - Gostei de você!

Mal sabia ela que depois dessa tarde ela estava presa a uma teia da qual nunca mais sairia, pois essa era sua concepção de bom ou ruim, descobrir o novo e depois saber qual era o resultado.

Ele bem mais velho e controverso a qualquer padrão usado pelas amigas, supria sua fascinação por tatuagens, pois ele tinha-as a mostra em seus braços, demonstrava todo o sei interesse por ela e chegava a esquecer os outros que conversavam com ele.

No ano seguinte:

Ele: - E aí, você quer dar uma volta para ficarmos sozinhos e conversarmos melhor?

Ela: - Você, ficar sozinho comigo para conversar? Desde quando? Vamos!

Havia mudado porque buscou algo diferente, não estava feliz e agora era outra pessoa, era quem queria ser.

Um comentário:

Lucas Duarte disse...

Muito bom! Curti!
Beijão Amiga